(…) Mas o que dizem as notícias e os investigadores que trabalham nesta área?
A academia não apresenta uma data específica mas uma leitura rápida a diferentes artigos leva-nos a acreditar que os VA podem aparecer nas ruas entre 2025 e 2045. Mas porquê esta diferença?
A análise de cenários é um dos métodos mais utilizados quando se propõem alterações, como é o caso da entrada dos VA no mercado. Milakis et al. (2015) definiram cenários de acordo com algumas ideias chave51: No cenário optimista, onde existe uma forte aposta no desenvolvimento da tecnologia e regulamentação e no qual existe um contexto económico positivo com subsídios para incentivo ao uso, prevê-se a adopção do VA em 2025; No cenário oposto, reina a dúvida por parte do público, o desenvolvimento da tecnologia está ser afectado por vários incidentes, não existem medidas de incentivo e o preço do VA é ainda elevado. Este ambiente cria a oportunidade de aparecimento de frotas de VA, associado a serviços premium, mas apenas em 2045.
A introdução de VA no mercado pode ser condicionada por diferentes aspectos. Na indústria existem vários interessados em desenvolver o melhor software e hardware para o VA. Nieuwenhuijsen (2015) afirma que se os projectos na indústria entre parceiros forem estimulados, existir colaboração e partilha de informação, em 2025 já podem ser adquiridos veículos nível 4 SAE; a previsão diz ainda que os VA surgem 5 anos depois52. Algumas alianças estratégicas já foram feitas na indústria, no que toca ao desenvolvimento dos VA, nomeadamente entre empresas tecnológicas e do ramo automóvel. Estamos no bom caminho.
Outra forma de acelerar o processo e atingir o objectivo final é desenvolver módulos de forma partilhada e apostar em sistemas de integração das componentes53. Quando as empresas assumem tanto o desenvolvimento como a validação das tecnologias o risco que correm é alto e isso reflecte-se no custo das soluções.
Mas o que acham os especialistas da área? Underwood (2014) fez um inquérito a mais de 200 especialistas de transportes sobre a previsão de chegada dos VA e estes apontaram o período 2027-203554. Um trabalho de investigação, levado a cabo pela IHS automotive, mostrou que os participantes ligados a vários fabricantes e outras empresas relevantes no sector acreditam que a introdução de VA no mercado acontecerá em 203055. Os especialistas no Reino Unido não partilham desta visão56; estão menos entusiasmados com a vinda do VA e reconhecem os vários problemas que estes vão encontrar até chegarem ao mercado26.
Tudo aponta para que, em 2030, possamos rebater o banco do condutor e dormir a sesta a caminho de casa. Sejamos optimistas!
Eu ainda estou a matutar na questão de quem irá ser responsável pelo algoritmo ‘mato quem’ (cf.moral machine).. os fabricantes? os governos? um referendo? um código de conduta para todos os países? cada um por si?…
Seria óptimo se te conseguisse responder mas a verdade é que não sei.
O argumento pode ser de que o acidente é um caso tão raro que não vai ter significado e deixam a decisão a quem se chegar à frente, neste caso o programador. Mas a questão fulcral é a morte de quem compra o carro:
– Se deixares os fabricantes resolverem a questão é óbvio que não vão matar quem vai dentro do carro porque é o argumento certo para venderem carros.
– Se deixares o legislador decidir, uma directiva da UE que acabe por ser adoptada por cada país, este pode virar a questão contra o condutor. E isto só fará sentido se as frotas forem adoptadas pelo estado que, em última análise, deve ter em conta o bem comum.
Se a questão passar pelo menor número de vítimas, independentemente das suas características (porque como diz a constituição: todos os cidadãos têm direito à dignidade, direitos iguais e inalienáveis), então terá de haver lugar a uma educação e marketing forte por parte dos responsáveis públicos…
Em jeito de último comentário, acho que o código de ética que deve ser fundamental, vai passar despercebido em letrinhas pequeninas quando compras o carro. Tu aceitas o risco de ser conduzido num autocarro, num táxi ou outro meio de transporte. Não irá prevalecer no futuro a preguiça humana, ou seja, não querer pensar no risco que podes ou não correr, ou naquilo que pode acontecer, desde que exista um seguro que pague tudo?