Tecnologia nível “quê”?

Já viram vídeos do Waymo2, o carro da Google, ou do EZ103, do projecto CityMobil2? É impressionante ver os veículos a deslocarem-se sozinhos na rua. Vai demorar um pouco até serem acessíveis ao público. No entanto, os veículos actuais já incorporam algumas tecnologias que os colocam como veículos de nível 1 ou 2 de acordo com a classificação de automação SAE1 (sistemas de aviso sonoro baseados em sensores são nível 0).

Ora veja-se, por exemplo, o cruise control (CC). Patenteada há mais de 50 anos, esta tecnologia permite programar o motor para manter uma certa velocidade e já se encontra em grande parte dos veículos das famílias. A sua evolução levou à criação do cruise control adaptativo no qual o veículo consegue manter uma distância de segurança em relação ao carro que circula à sua frente, trava e acelera de forma automática.

Ambas as tecnologias correspondem ao nível 1 da SAE. Neste nível o sistema não tem controlo da direcção e da aceleração/desaceleração do veículo ao mesmo tempo. Outros exemplos são: lane keeping assist (LKA), o sistema faz força no volante para recolocar o veículo no centro da via, ou park assist (PA), em que a direcção é controlada pelo sistema mas a aceleração/desaceleração é controlada pelo condutor.

A tecnologia nível 2 da SAE, permite ter as mãos fora do volante mas os olhos devem continuar focados na estrada. O Autopilot da Tesla é disso exemplo4. Nesta categoria também se podem encontrar as tecnologias: intelligent parking assist (IPA), a qual permite ao veículo fazer a manobra completa de estacionamento por si mesmo, sem intervenção humana, ou o traffic jam assist, o qual controla, para além da aceleração/desaceleração, os movimentos laterais em área de congestionamento, para velocidade inferior a 30 km/h5.

O próximo nível é o 3: com alguma tecnologia em fase experimental, os veículos vão conseguir circular de forma automatizada, ainda que com supervisão humana e necessidade de intervenção em determinadas ocasiões. Este é o ponto onde a interacção entre máquinas e humanos começa a ser discutida e é aqui o salto de fé. Começam-se a questionar as acções das máquinas uma vez que a máquina não assiste apenas a condução mas toma decisões.

Neste nível encontram-se os veículos que consigam conduzir sem intervenção humana em estradas congestionadas para velocidades superiores a 60 km/h ou em auto-estrada, para velocidades até 130 km/h. Se conseguirem estacionar sem intervenção do condutor humano num parque de estacionamento, incluindo as manobras de entrada e saída sem a presença do condutor então já apresenta uma automação elevada (nível 4). Tal como os exemplos iniciais, veículo da Waymo e projecto CityMobil2.

Ao nível 5 correspondem os Veículos Autónomos.

As tecnologias de nível 1 e 2 são reais. Mas a tecnologia está a evoluir e a discussão sociológica aumenta. A automação total levanta questões difíceis de responder relativas à interacção homem-máquina. E o blogue está aqui para acompanhar e contribuir para esse debate.

Vamos começar do início…

Estamos a começar a ver nas notícias automóveis que vão do local A ao local B com pouca ou nenhuma interacção humana. As pessoas tendem a designar estes veículos de forma diferente e eles parecem efectivamente fazer coisas diferentes; alguns veículos têm tecnologias que permitem conduzir longas distâncias à mesma velocidade, outros são capazes de parar quando aparece um obstáculo e alguns até já são capazes de andar nas estradas sem nenhum condutor. Quando queremos aqui ver discutidas outras questões sobre o tema temos primeiro de nos focar em explicar alguns conceitos.

As notícias pouco ou nada dizem sobre a investigação que está a ser desenvolvida nesta área nem explicam a natureza destes veículos. É um tema novo e está a ser percorrido um longo caminho para investigar a tecnologia a fundo; mas será que o consumidor final não quer conhecer a tecnologia? ou vai ser absorvido por ela mesmo sem a perceber?

A SAE International1 permitiu que se adoptasse uma terminologia standard na mobilidade rodoviária para veículos com funcionalidades automáticas. Esta classificação identifica 6 níveis de condução que vão desde “sem automação” até “total automação” e é consistente com a prática corrente na indústria. O nível 5 SAE corresponde, assim, ao Veículo Autónomo.

  • Nível 0 – Sem automação – o condutor humano conduz na totalidade do tempo, ainda que possa ser auxiliado por sistemas de aviso e intervenção;
  • Nível 1 – Assistência na condução – a tecnologia pode assistir a condução, quer através da direcção quer da aceleração/desaceleração do veículo, usando informação sobre o ambiente de condução. É esperado que o condutor realize todas as restantes actividades da condução;
  • Nível 2 – Automação parcial – em parte igual ao anterior, só muda o facto de a condução poder ser realizada por um ou mais sistemas de assistência à condução, controlando tanto a direcção como a aceleração/desaceleração do veículo;
  • Nível 3 – Automação condicional – um sistema de condução automatizado controla todos os aspectos da condução dinâmica, esperando que o condutor possa responder de forma apropriada ao pedido de intervenção;
  • Nível 4 – Alta automação – em parte igual ao anterior, só muda o facto de o sistema de condução automatizado continuar a controlar o processo se o condutor não responder de forma apropriada ao pedido de intervenção;
  • Nível 5 – Automação total – desempenho a tempo inteiro do sistema de condução automatizado, para todos os aspectos da tarefa de condução dinâmica, em todas as estradas e condições ambientais que possam ser geridas pelo condutor humano.

A imagem abaixo explica melhor os níveis de automação SAE. Clica para abrires.

Hoje a teoria, daqui a 15 dias a prática. Não vale de nada ficar sem saber a que corresponde cada nível e em que pé estamos neste tema.