Em Portugal, a sinistralidade rodoviária nos últimos anos tem vindo a diminuir. No entanto, dados de 2015, mostram que o número de acidentes e vítimas continua elevado: 32 mil acidentes com vítimas mortais e feridos, 41 mil feridos graves e ligeiros e 473 mortos12. O impacte social destes números é bastante alto. Mas existe um impacte económico que não se contabiliza à primeira vista. Baseado num estudo sobre segurança rodoviária13, considerando o número de mortos, feridos graves e ligeiros no ano de 2015, e fazendo umas contas à merceeiro pode-se apontar para um impacte na economia portuguesa de mais de 750 milhões euros no final do ano.
Com a introdução do VA e a substituição total da frota de veículos, sugere-se que a taxa de mortalidade (por km.pessoa viajado) se possa aproximar à que a aviação e a ferrovia apresentam, cerca de 1 % do valor actual14. O VA vai ser preparado para enfrentar vários cenários, o que ajudará no aumento da segurança rodoviária. No entanto, não é possível prever todas as situações. O sistema do VA deverá ser preparado para responder a novos desafios, com os quais terá de lidar de forma segura15. Um VA tem de ser capaz de lidar com acidentes e eventos na estrada e de se comportar de forma segura em diferentes contextos: condução em todas as áreas geográficas, todo o tipo de estradas, condições de tráfego ou condições metereológicas5. Pode dizer-se o mesmo de um ser humano?
Mas este desafio não se prende apenas com a tecnologia mas com o período de transição. Do lado optimista assume-se que os VA podem reduzir a taxa de acidentes e feridos em 50 %, no curto/médio prazo16 (taxa de penetração de mercado de 10 %). Este valor reflecte aspectos como redução de violações ao código da estrada: por exemplo, passar sinais vermelhos, uma contra-ordenação que o VA não está autorizado a fazer.
Outros autores são mais cautelosos. Considerando que os veículos tradicionais e VA vão partilhar a estrada, a sinistralidade pode até piorar, pelo menos para os veículos tradicionais17 que não estão acostumados com a nova forma de conduzir dos VA. E aumentar a segurança de uns à custa de outros não é necessariamente um benefício, ainda que, no final, a balança seja positiva18. Nesta fase de transição podem também começar a surgir questões relacionadas com a segurança dos peões. O comportamento das pessoas molda-se às expectativas que têm. Se as pessoas consideram que o VA vai parar sempre que confrontado com uma situação de perigo, então os peões podem tornar-se menos cautelosos e responsáveis quando estão junto aos VA19 e os condutores podem realizar acções arriscadas uma vez que se sentem seguros no meio da mobilidade autónoma20.