Parece arriscado apostar em quando é que uma tecnologia que depende exclusivamente da investigação e desenvolvimento alheio vai aparecer no mercado. Os analistas conseguem fazer previsões com base em pistas que recolhem de várias fontes. Para além disso, recorrem a estratégias que os ajudam a organizar ideias e diminuir a incerteza da resposta final. Mas quando se trabalha para médio/longo prazo parece que a resposta, ainda que resultado de uma reflexão, se funde com a adivinhação em jeito de Nostradamus.
A estratégia da comparação:
Se olharmos para o ciclo de desenvolvimento de outras tecnologias no mundo da indústria automóvel verificamos que existe um longo período até que o produto chegue a todos os mercados. O air bag, que hoje em dia é peça chave em qualquer veículo, demorou mais de 25 anos a ser integrado nos carros em todo o mundo; A transmissão automática e os sistemas de navegação tiveram um período de difusão ainda mais longo; demoraram mais de 30 e 50 anos, respectivamente, a ganhar o título de produto generalizado20.
Mas, os últimos anos, têm sido palco de uma evolução acelerada em diferentes tecnologias no mundo dos transportes. A investigação do sistema de assistência avançada à condução (ADAS) está a permitir desenvolver capacidades tecnológicas que mais tarde, no seu conjunto, irão alimentar o veículo autónomo (nível 5 SAE). No entanto, algumas destas características tecnológicas já estão presentes em vários modelos.
A integração destas tecnologias contribui para a diferenciação das marcas no sector e é argumento de marketing na venda. Não estará esta corrida pelo último produto tecnológico a ajudar no aceleração da difusão? Por exemplo, o sistema Eco Driving, em apenas 3 anos conseguiu consolidar a sua quota de mercado, ou seja, no período 2012-2015 já tinha sido instalado em, sensivelmente, 25% dos novos modelos de veículos vendidos na Europa26.
A substituição dos veículos a gasóleo e gasolina por veículos eléctricos também está na ordem do dia na indústria automóvel. Aqui, o caso afigura-se de outra forma. Se, por um lado, as notícias do DieselGate e a direcção das políticas europeias pressionam no sentido da adopção de formas mais sustentáveis, por outro lado, o desenvolvimento das baterias eléctricas ainda não se afigura, aos olhos dos consumidores, como um produto acabado. Os veículos híbridos, ao fim de 15 anos no mercado, ainda não conseguiram alcançar uma quota substantiva de mercado20. Cairá o VA nesta redoma, um produto desejado mas que estará em eterna evolução para justificar o seu valor?
Mas o que dizem as notícias e os investigadores que trabalham nesta área?