Mobilidade para todos.

Quem é que hoje em dia não tem um carro à porta? Pronto, se não é o vosso caso então a nossa próxima pergunta é: Quem é que hoje em dia não tem dois carros à porta? Em Portugal, estatísticas de 2014, estimam que 90% das pessoas viajam de carro21.

A geração dos nossos pais teve a oportunidade de adquirir um veículo próprio e a nossa geração (dos anos 80) cresceu com este conforto. Ainda que se conheçam as consequências desta excessiva utilização quem é que vai abdicar deste bem?

Mais alguns minutos a recolher dados estatísticos permitem consolidar a ideia que todos temos: as previsões para os próximos anos mostram que o número de pessoas com mais de 65 anos vai crescer22. As pessoas mais velhas, devido à sua experiência, são aquelas que mostram um maior conhecimento da condução, conseguem prever cenários de perigo na estrada com maior facilidade. Mas, ao mesmo tempo, a sua idade retira-lhes esta vantagem, aumenta as limitações físicas e mentais levando a maior risco de acidente na estrada17. Tal como acontece aos idosos, também as pessoas embriagadas ou cansadas vêem as suas funções diminuídas, o que leva a um aumento da probabilidade de ter um acidente. O erro humano é culpado por mais de 90% dos acidentes23, sem contar com todos aqueles acidentes menores que nem são reportados às autoridades.

O VA permite que todas as pessoas possam circular no seu interior sem necessitar de qualquer interacção. Assim, dá-se também oportunidade às pessoas debilitadas ou deficientes de se deslocarem sozinhas, o que, devido a problemas físicos ou mentais, não podiam fazer uma vez que não estavam aptas a conduzir um veículo.

Mas nem tudo são rosas. A estas vantagens também estão associados alguns problemas quando se foca a atenção na parte operacional. O VA, apesar de ser evoluído, ainda não substitui o ser humano. As pessoas debilitadas ou com problemas motores precisam de ajuda para entrar e sair dos veículos. A adaptação dos veículos a este tipo de problemas deve ser investigada e desenvolvida para permitir a integração do maior número de pessoas.

Mas a chegada da autonomia permite ainda oferecer mobilidade a outros grupos da população que hoje em dia não estão autorizados a conduzir, como jovens ou crianças, devido à sua idade tenra e imaturidade. Será que se acabaram as viagens extra ao fim do dia para levar o(a) filho(a) mais velho(a) ao treino de futebol ou à natação?! Mais uma vez surgem questões operacionais que devem ser pensadas, como a permissão de deixar viajar crianças sem supervisão ou segurança das mesmas no decorrer das viagens.

O VA terá como objectivo ser um transporte para todos, no entanto, a resposta a algumas questões que estão no ar será certamente decisiva na integração dos diferentes grupos da população.