Resistência a múltiplas drogas

A emergência, em diversos organismos, de estirpes resistentes a uma grande variedade de compostos citotóxicos, com estruturas não relacionadas e que não actuam sobre os mesmos alvos biológicos, tem-se revelado como o maior obstáculo ao tratamento de tumores e doenças infecciosas bem como no controlo de organismos fitopatogénicos. Na verdade, este fenómeno tem vindo a ser descrito em numerosos sistemas biológicos, desde a resistência a antibióticos em bactérias à resistência a drogas anti-tumor em células humanas cancerosas, passando pela resistência a drogas anti-malária em Plasmodium falciparum, o parasita causador da malária.


Os mecanismos de resistência são, aparentemente, conservados mesmo em organismos filogeneticamente distanciados e caracterizam-se pela superexpressão (ou por mutações na sequência de nucleótidos) de determinadas proteínas membranares que transportam a droga, permitindo assim a redução da concentração da droga no citosol ou no local alvo da sua acção. O efluxo activo das drogas, ou a sua compartimentalização no vacuolo, têm sido associados a dois tipos de transportadores de membrana: i) transportadores ABC (de ATP-binding cassete), que utilizam a energia da hidrólise da molécula de ATP e ii) transportadores da superfamília dos facilitadores maioritários (transportadores MFS-MDR de Multi Drug Resistance). Estes últimos recorrem ao gradiente protónico gerado pela H+-ATPase da membrana plasmática ou pela V-ATPase vacuolar, e promovem o transporte da droga por antiporte com protões.