Deixar-se conduzir no centro da cidade

Lisboa está na moda e acolhe cada vez mais turistas. Esta vaga tem transformado a cidade: existem cada vez mais imóveis para aluguer temporário, o preço das habitações tem subido em flecha e quem acaba por ficar no centro da cidade é uma população envelhecida. Mas Lisboa mostra-se como um desafio à mobilidade dos habitantes com maiores dificuldades; Cidade das 7 colinas, com ruas inclinadas e estreitas, calçada portuguesa e passeios quase inexistentes ou invadidos por carros mal estacionados.

Imagine-se o cenário de transportar um idoso para o centro da cidade. O condutor tem o cuidado de parar no meio da rua junto ao destino, sair do veículo e ajudar esta pessoa a chegar à sua habitação. Imagine-se o mesmo cenário com um VA. Daqui algumas questões podem surgir:

(1) Quem vai ajudar a pessoa com dificuldade a sair do táxi autónomo? Haverá um serviço dedicado de ride-sharing autónomo, onde o taxista deixa a sua função de condução e passa a ser anfitrião do serviço?

(2) Nenhum condutor terá dificuldade em ultrapassar um veículo imobilizado no meio da estrada mesmo indo em contra-mão e infringindo a sinalização horizontal; mas será o VA capaz de o fazer em situações especiais?

(3) Parar no meio da estrada, causando congestionamento, pode ser aceite em situações críticas, nas quais a necessidade leva à compreensão social, como é o caso descrito. Mas esta é uma prática comum e muitas vezes com justificações sem valor como é o facto de estar à espera de alguém ou “ir ali e já vir” mesmo com um lugar de estacionamento a 10 metros. O VA alguma vez será capaz de discernir o grau de necessidade e aceitação de determinadas situações?

O futuro das zonas centrais, actualmente com maior pressão de estacionamento, pode passar por não ter quaisquer áreas dedicadas a estacionamento à superfície. Nestes eixos a via da direita poderá ser reservada para tomada e largada de passageiros ou paragem de veículos de mercadorias (evitando que estes também parem no meio da estrada, com recurso à utilização dos quatro piscas, e criando os próprios veículos a situação de perigo). Talvez até se possa pensar numa zona de co-existência com peões na qual se pode maximizar o uso de solo.