Cada vez mais o entretenimento da população passa pelo consumo de conteúdos audiovisuais, nomeadamente filmes e séries. Uma das principais fornecedoras deste tipo de conteúdos é a Home Box Office, ou como é normalmente conhecida, HBO. Atualmente a HBO já se encontra em mais de 67 países e disponibiliza cerca de 2700 horas de conteúdo original. Devido ao facto de oferecer todo este conteúdo e ser um serviço muito relevante e atual, a HBO torna-se um caso de estudo interessante no âmbito da disciplina de Comunicação e Multimédia.
Este artigo passará por descrever a história e evolução da HBO, apresentar as suas aplicações e a forma como o utilizador interage com a mesma, explicar o funcionamento da sua tecnologia nomeadamente a sua arquitetura, a codificação de áudio e vídeo e os seus protocolos de transmissão. Analisaremos também os conteúdos fornecidos pela HBO, quer os de carácter original, quer os adquiridos a outras produtoras. Do ponto de vista económico faremos menção ao seu modelo de negócio, à concorrência, aos preços praticados e aos pacotes e produtos oferecidos. Da ótica social, abordaremos os principais impactos que a HBO provoca a nível social. Teremos também uma secção reservada para as questões legais. Faremos do mesmo modo menção à aplicação da HBO em Portugal. Finalmente relataremos as perspectivas da HBO para o futuro.
Em 1965, Charles Dolan conseguiu um franchise para construir um sistema de televisão por cabo em Manhattan, Nova Iorque. Dolan chamou à sua empresa “Sterling Manhattan Cable”. Foi a primeira empresa a fornecer um sistema de televisão por cabo subterrâneo nos Estados Unidos, em vez de passar o cabo por postes de eletricidade ou usar antenas para receber os sinais, o cabo foi colocado debaixo das ruas de Nova Iorque. Devido aos edifícios altos o sinal era muitas vezes bloqueado e, em 1888, após um nevão danificar todas as linhas telefónicas, o conselho da cidade de Nova Iorque definiu que todos os cabos elétricos e de telecomunicações passariam a estar debaixo de terra com o objetivo de limitar as disrupções do sistema em situações meteorológicas adversas. Assim, o sistema de Dolan, iria ter menos falhas e melhor qualidade. Nesse ano, a empresa Time-Life, Inc. comprou 20% da empresa “Sterling Manhattan Cable”. Durante os primeiros anos, a Sterling perdeu dinheiro pois era muito dispendioso colocar cabo em toda a área de Manhattan (300,000$ por milha) e não tinham praticamente subscritores. Com ambição de inverter esta situação, Charles Dolan, lembrou-se de criar o conceito de televisão paga. Após uma avaliação do potencial interesse dos consumidores, Charles Dolan reuniu-se com os diretores da Time-Life e decidiram avançar com a criação deste novo serviço ao qual deram o nome de “Home Box Office”. A Home Box Office foi lançada a 8 de Novembro de 1972. Nos anos seguintes, a Time-Life adquiriu mais 60% da Sterling, tomando o controlo da empresa com 80% de posse. Com o controlo, a Time-Life optou por fechar a “Sterling Manhattan Cable” e renomeou-a de "Manhattan Cable Television", afastando Charles Dolan do comando.
Inicialmente, a Home Box Office usava uma rede de torres de retransmissão de micro-ondas para distribuir o sinal pelas empresas de cabo, mas a Time-Life apercebeu-se dos problemas que iriam ter a tentar expandir essas torres pelo país inteiro. Iria ser um processo dispendioso, em termos de tempo e dinheiro, pois seria necessário desenvolver milhares de infraestruturas para fornecer um bom serviço de retransmissão. Em 1974, o conselho executivo da Time-Life decidiu utilizar satélites de comunicação geoestacionários para transmitir a Home Box Office por todos fornecedores de cabo dos Estados Unidos. Assim, a 30 de Setembro de 1975, a HBO tornou-se na primeira rede de televisão a transmitir continuamente o seu sinal via satélite. O uso de satélites permitiu transmitir separadamente para os fusos horários da zona Leste e do Pacífico, dos Estados Unidos. Desta forma, os mesmos programas eram transmitidos à mesma hora nas diferentes zonas no país. Nesse mesmo ano, a HBO alcançou os 100,000 subscritores, distribuídos por Pennsylvania e Nova Iorque e, finalmente, a "Manhattan Cable Television", começou a ter lucro. Em 1980, a HBO já era transmitida pelos fornecedores de cabo em todos os estados. Começou por transmitir apenas 9 horas por dia, só no ano seguinte passou a transmitir durante 24 horas, todos os dias. Em janeiro de 1986, a HBO tornou-se na primeira televisão transmitida através de satélite, a encriptar o seu sinal da visualização não autorizada. Portanto, os utilizadores de cabo, para terem acesso à HBO, passaram a ter que pagar uma subscrição. Inicialmente esta medida foi muito criticada mas, com a melhoria dos programas do canal, o número de subscritores aumentou exponencialmente. Aproveitando o sucesso do canal, a empresa Warner Communications fundiu-se com a Time-Life e foi criada a Time Warner.
Nos anos seguintes, os programas transmitidos pela HBO foram aumentando, começaram a existir cada vez mais filmes e séries originais, escritos e produzidos pelo próprio canal. Alguns chegaram mesmo a ser nomeados e a ganhar uns dos maiores prémios do cinema, como Emmys e Globos de Ouro. A 22 de outubro de 2016, a AT&T anunciou uma oferta de 108.7$ biliões para adquirir a Time Warner. A compra foi concluída após a AT&T ter ganho um processo em tribunal, contra uma tentativa de bloqueio da compra. A empresa foi renomeada Warner Media e, assim se mantém, até à actualidade.
Os últimos serviços a serem lançados pela HBO foram: a HBO GO e a HBO NOW. Ambos apresentam o mesmo conteúdo, a principal diferença entre eles é que a HBO GO necessita de uma subscrição do canal HBO, através de uma operadora. Pelo contrário, a HBO NOW é um serviço independente de operadores, qualquer pessoa pode comprar este serviço desde que esteja dentro da sua área de serviço. Ambos os serviços são compatíveis com a maior parte dos dispositivos como computadores, tablets, smartphones e consolas de jogos. A aplicação é o mais homogénea possível entre todos estes dispositivos, por exemplo, é possível estar a assistir a uma série num tablet, parar a visualização e iniciá-la, no mesmo ponto, num smartphone. A aplicação é bastante intuitiva e fácil de utilizar, para que seja fácil para o utilizador navegar pelos conteúdos. O ecrã principal da aplicação altera entre dois feeds: um “features” que exibe os últimos lançamentos originais, outro “quick hits” que vai mostrando trailers, clips e sneak peeks de várias séries e filmes. Existe ainda um menu na parte superior esquerda onde é possível pesquisar séries e filmes através do seu género e, na parte superior direita, existe a barra de pesquisa que permite filtrar o conteúdo pesquisando por palavras-chave.
Ao longo dos anos, a HBO já utilizou vários codecs de vídeo, entre eles, o MPEG-2, o MPEG-4 e, atualmente, o H.264. O vídeo codec H.264 foi desenvolvido com base nos codecs anteriores. Na compressão de vídeo, o principal objetivo é reduzir as redundâncias temporais, isto é, reduzir as semelhanças entre imagens. Se não existir retransmissão de macroblocks que não mudam entre frames, o armazenamento e a largura de banda podem reduzir significativamente. Por exemplo, num filme existem momentos em que o fundo não muda, apenas mudam as personagens. Nestes casos, o fundo pode ser retransmitido apenas periodicamente, numa I frame, que é a frame de referência. As áreas que apresentam mudanças, vão ser sobrepostas na frame de referência e transmitidas, denominando-se P frames e B frames. Após a transmissão de uma I frame, existe uma série de transmissões das restantes frames designando-se a este conjunto um GOP (Group of pictures). Quanto maior o GOP, menor o número de I frames transmitidas e, consequentemente, menor o bit rate. Por isso, a escolha do GOP é um dos parâmetros mais importantes para que o codec consiga bons resultados. Como melhorias sobre os codecs anteriores, o H.264 suporta motion compensation vectors. Se um macroblock for idêntico de uma frame para outra, mas tiver mudado o seu lugar, a informação sobre a sua aparência pode ser mantida, apenas é transmitido o vetor de movimento. Esta característica poupa bitrate pois, para macroblocks idênticos, não é necessária a sua reconstrução completa, apenas é necessário modificar a sua localização, através do vetor de movimento transmitido. Outra característica deste codec, é o deblocking. É feita uma média entre a cor de dois macroblocks vizinhos, essa cor é utilizada na transição entre os macroblocks, tornando-a mais suave. O deblocking aumenta a nossa perceção de qualidade de imagem. Futuramente, o HBO quer utilizar o codec H.265/HVEC. O H.264 permite que os macroblocks tenham um tamanho máximo de 16x16 pixel, enquanto que o H.265 permite que os macroblocks tenham um tamanho máximo de 64x64 pixel, permitindo que o encoder seja mais eficiente na compressão. A previsão do movimento entre frames também é melhorada e a função de previsão do movimento permite 33 direções de movimento em vez das 9 direções permitidas pelo H.264.
Actualmente, a HBO utiliza o codec Dolby Digital 5.1 que representa uma maneira muito eficiente para comprimir o tamanho dos ficheiros de áudio sem prejudicar a sua qualidade. Quanto menor o ficheiro, mais fácil é a sua distribuição. É um codec que funciona apenas com informação digital, isto é, com ‘0’ e com ‘1’. Por isso, o primeiro passo para criar um ficheiro de áudio, usando este codec, é converter o sinal analógico original em informação digital. A este processo damos o nome de encoding. O codec analisa o áudio original e determina quais as partes importantes para manter e quais aquelas que é menos provável o utilizador ouvir. O codec vai manter as partes importantes e eliminar as partes que considerou redundantes. Após o encoding, o áudio é transmitido e é necessário realizar o decoding. O decoding pode ocorrer em diferentes equipamentos e, para garantir uma reprodução consistente em todos eles, este codec utiliza metadados. Metadados são um conjunto de instruções que são transportadas no bitstream que vão assegurar que o utilizador tem uma experiência de áudio de alta qualidade. No futuro, a HBO quer implementar o Dolby Atmos que foi desenvolvido para criar uma experiência sonora “3D” envolvente. Com este codec o som não vai estar limitado a um canal específico, por exemplo, no cinema, um som pode ter origem numa coluna e mudar para outra, para simular o movimento. Estas melhorias vão criar uma sensação de realismo e imersão, como se fizéssemos parte do filme.
Adaptive Bit Rate streaming é uma técnica utilizada na transmissão de conteúdos multimédia. Esta técnica é capaz de detectar a largura de banda e a capacidade do CPU do dispositivo do utilizador, em tempo real, ajustando a qualidade da transmissão às condições encontradas. O conteúdo multimédia a ser transmitido, vai ser codificado em diferentes débitos. Para cada débito, a codificação é dividida em segmentos, isto é, pequenas frações de vídeo tipicamente entre 2 e 10 segundos. O utilizador vai tomar conhecimento dos segmentos e correspondentes débitos existentes. No início da transmissão, o dispositivo vai pedir o segmento de débito mais baixo. Se a velocidade de download for superior ao débito desse segmento, o próximo segmento a ser pedido vai ter um débito mais elevado. Mais tarde, se a velocidade de download for inferior ao débito do segmento que está a ser transmitido, o próximo segmento a ser pedido vai ter um débito mais baixo. Resumindo, após cada segmento, o dispositivo pode decidir mudar de débito caso seja necessário. Esta abordagem permite evitar as filas no buffer, dando mais importância a este aspeto do que à qualidade da transmissão. Quando a ligação à internet piora, um utilizador está mais propenso a ver um vídeo com pior qualidade do que ter a uma interrupção total na transmissão do mesmo.
O conteúdo acaba por ser o factor decisivo na decisão dos utilizadores no momento de requisitar um serviço deste tipo. A HBO tem para oferecer conteúdo de dois tipos: conteúdo original, produzido pela mesma, e conteúdo adquirido, que é criado por outras produtoras.
No que toca ao conteúdo original a HBO está em constante expansão, visto que, as suas expectativas para 2019 rondam a produção de 150 horas de conteúdo, valor que ultrapassa em cerca de 50% o conteúdo apresentado em 2018. Para 2020, a produção deste tipo de conteúdo deverá novamente aumentar, afirmou o responsável pela programação da HBO, Casey Bloys. O trabalho realizado pela HBO na produção de conteúdo original tem-se revelado frutífero, dado que projetos como “Game of Thrones”, “The Sopranos” ou até mesmo “Westworld” foram aclamados pela crítica e pelo público em geral.
Quanto ao conteúdo adquirido, a HBO apresenta uma política algo seletiva relativamente à quantidade de filmes e séries a apresentar. A plataforma acaba por valorizar muito mais a qualidade do que a quantidade, dando mais atenção às preocupações dos criadores de conteúdo.
Ao subscrever a HBO, o utilizador tem acesso a 13 canais multiplexados, 24 horas por dia, 7 dias por semana. Todos eles têm transmissão simulcast em standard definition e high definition. Este serviço tinha uma desvantagem, os assinantes muitas vezes não conseguiam ver o programa que pretendiam à hora em que era transmitido, criando insatisfação e consequentemente cancelamento da subscrição. Por isso, a HBO criou um serviço on demand, disponível apenas para os seus assinantes, a HBO GO. Nessa plataforma é possível assistir a toda a programação dos canais HBO quando o utilizador quiser. Mais tarde, a HBO ainda lançou um serviço independente, over-the-top, a HBO NOW, com o mesmo conteúdo que a HBO GO mas sem ser necessária a subscrição da HBO.
Com o lançamento dos serviços de streaming, foi necessário disponibilizar os conteúdos em dispositivos diferentes. A HBO que era apenas vista na televisão, atualmente, está disponível em telemóveis e tablets android e apple, Apple TV, em algumas consolas de jogos, smart tvs, entre outros.
Após a sua expansão dentro dos Estados Unidos, a HBO quis replicar o seu sucesso mundialmente criando os canais HBO Asia, HBO South Asia e a HBO Latin America Group, entre muitos outros. Estes têm algum conteúdo igual ao da HBO original, mas têm também programas produzidos de acordo com os gostos locais.
Em termos demográficos, os canais da HBO estão direcionados para pessoas entre os 14 e os 65 anos. Existe uma vasta oferta, desde um canal de filmes, de séries, de desporto, de comédia, familiar, entre outros, conseguindo agradar a diferentes faixas etárias. Contudo, a população com idades entre os 18 e os 34 anos, denominados “millennials”, cada vez menos assistem a televisão. Essa faixa etária prefere o serviço de streaming e, na sua maioria, assiste aos programas na HBO GO e HBO NOW. Com isto, a HBO apercebeu-se da importância do seu modelo online e optou por mudar o seu plano de negócios focando-se mais no investimento internacional dos serviços de streaming com o objectivo de os expandir com custos de distribuição baixos.
Como já referimos anteriormente, a HBO, para além dos seus canais, oferece dois serviços: a HBO GO e a HBO NOW. Para ter acesso a HBO NOW não é necessário ter qualquer contrato com uma operadora, apenas é necessário pagar uma subscrição de 14,99$ por mês. Por outro lado, a subscrição da HBO GO é gratuita, mas para ter acesso à mesma é necessário ter uma subscrição da HBO. O custo dessa subscrição varia entre operadoras, podendo ir desde os 10$ até aos 18$. Mais recentemente, algumas operadoras lançaram subscrições a 5$ por mês.
A HBO tem um total de 142 milhões de subscritores em todo o mundo, dos quais 5 milhões já pertencem à HBO NOW. Pelo gráfico abaixo podemos observar que após um decréscimo do número de subscritores, a partir do lançamento da HBO NOW, em 2015, os subscritores voltaram a aumentar.
Em subscrições, a HBO tem um lucro de, aproximadamente, 5.5$ biliões. A HBO tem uma política de “adds-free”, o que significa que não transmite anúncios durante a sua programação. Contudo, os patrocinadores pagam para os seus produtos terem exposição nas séries e filmes, sendo a publicidade outra fonte de rendimento da empresa. A HBO utiliza muito desse lucro para a produção de mais conteúdo de alta qualidade, que faz prender os subscritores já existentes e, atrair novos.
O maior concorrente da HBO é a Netflix, uma plataforma de streaming que disponibiliza centenas de séries e filmes. A Netflix é um serviço over-the-top, e é muito semelhante ao último serviço lançado pela HBO, a HBO NOW. Entre essas duas plataformas, a principal diferença está na seleção de conteúdo. A HBO é uma plataforma mais seletiva, destacando-se pela qualidade, enquanto que a Netflix aposta mais na quantidade. Em termos de preços, a Netflix é mais acessível. É possível escolher três planos diferentes: o primeiro custa 7.99$ e apenas se pode assistir num ecrã em simultâneo, o segundo custa 10.99$ e pode-se assistir em dois ecrãs e, o último custa 13.99$ e pode-se assistir em 4 ecrãs. No primeiro trimestre de 2019, a Netflix apresentou um total de 149 milhões de subscritores ultrapassando a HBO. Em termos de lucros, no final de 2018, a HBO apresentou cerca de 6$ biliões de lucro e a Netflix apresentou 4$ biliões.
A HBO oferece diferentes subscrições dependendo do número de ecrãs que o utilizador quiser. A intenção era facilitar a passagem de uma divisão para outra, continuando a assistir ao mesmo programa desde o ponto em que foi parado. Contudo, os clientes aproveitaram esta opção de vários ecrãs e começaram a partilhar as suas informações de login com amigos e familiares, dividindo o valor da subscrição por todos em vez de cada um ter a sua própria subscrição. Esta prática não é considerada ilegal, mas tem várias consequências. Os termos de uso da HBO têm em conta a partilha de passwords, porém se um dos utilizadores violar os termos de uso, o utilizador que é dono da conta é o responsável e é o único a ser punido. Outro problema cada vez maior é a pirataria. A maior parte dos filmes e séries estão disponíveis para download ilegal, horas depois de terem sido transmitidos. Assistir a streamings ilegais, é muito simples, apenas é necessária uma pesquisa na internet. A pirataria custa biliões de dólares todos os anos, pois as pessoas vêm o conteúdo nesses streamings ilegais em vez de pagarem pelos serviços. A pena por violar os direitos de autor varia de caso para caso e de país para país, mas pode incluir pena de prisão e várias multas. Nos Estados Unidos, a multa pela violação dos direitos de autor pode ir até aos 150,000$.
A HBO fez a sua entrada em Portugal em Fevereiro de 2019 através de uma aplicação de streaming denominada HBO Portugal disponível por 4,99 euros/mês, após um mês de subscrição gratuita, podendo cada utilizador registar a sua conta em 5 dispositivos diferentes e visualizar conteúdos em 2 dispositivos em simultâneo. A aplicação pode ser acedida em plataformas como PC, smartphones, smart TV, Vodafone TV, Apple TV entre outras. Esta chegada foi feita em parceria com a Vodafone, sendo que esta é a única operadora de televisão que permite acesso à aplicação. Em termos de conteúdo, a HBO Portugal oferece o catálogo quase completo, sendo que as exceções devem-se a questões de direitos. Por essa mesma razão algumas das séries ou filmes acabam por não estar sempre disponíveis para o utilizador. Devido à recente chegada deste serviço a Portugal ainda não é possível calcular com exatidão o impacto causado nos portugueses. Apesar disso, a HBO em Portugal já se destacou, e pela negativa, na estreia da última temporada de “Game Of Thrones”, sendo que o episódio estreou oficialmente às 02h00 do dia 15 de Abril, e a HBO Portugal só o conseguiu ter disponível às 03h16. Como seria de esperar a reação do público não foi a melhor e o seu descontentamento foi manifestado em redes sociais como o Facebook e o Twitter. Resta-nos agora saber se a HBO Portugal vai conseguir evitar que problemas como estes se voltem a repetir e se vai conseguir afirmar-se perante a concorrência existente.
Depois da AT&T comprar a Time Warner, o CEO redefiniu a estratégia de negócios da empresa. Pretende usar uma estratégia igual à do seu principal concorrente, a Netflix, ou seja, produzir mais conteúdo com um orçamento menor. Ao contrário da concorrência, a HBO sempre optou por produzir todos os seus conteúdos, mantendo um maior controlo de qualidade sobre o que era produzido. Com os planos de aumento da produção, a HBO vai ter que recorrer a produtoras independentes para alcançar as quantidades pretendidas. Contudo, a HBO sempre foi conhecida pela qualidade premium da sua programação, por isso, garante que estas mudanças na estratégia não vão comprometer a qualidade dos conteúdos produzidos. As pessoas preferem cada vez mais os serviços de streaming aos canais de televisão por cabo, por isso, a HBO vai direcionar os seus investimentos para as suas plataformas de streaming, a HBO GO e a HBO NOW. Para além disso, a HBO pretende ainda estar mais presente a nível mundial, direcionando os seus investimentos também nesse âmbito.
Impactos sociais
O aparecimento da HBO também teve impactos a nível social. Ao longo dos anos, o número de clientes dos canais por subscrição e o número de utilizadores dos serviços de streaming foi aumentando cada vez mais, como podemos comprovar no gráfico da Figura 6. Este aumento deve-se ao facto de os consumidores poderem escolher o programa a que querem assistir sem as restrições dos horários de transmissão. Para além do cliente ter total liberdade de escolha, a qualidade e a diversidade do conteúdo também são um fator importante para o aumento da adesão de clientes, assim como as mensalidades, que são relativamente baratas. Antes dos serviços de streaming existirem, as famílias juntavam-se para ver televisão. Actualmente, pode-se assistir a partir de smartphones, tablets, entre outros, o que fez com que o tempo passado em família diminuísse consideravelmente. A HBO também contribuiu para a extinção das lojas de aluguer de DVDs e para a constante diminuição das idas ao cinema, pois é uma opção mais barata e mais cómoda. No futuro, isto pode contribuir para o aumento do sedentarismo, podendo resultar em problemas de saúde graves, tal como a obesidade.